O artigo de hoje vai deixar músicos tristes, desesperados e a beira do suicídio. Vou provar que acordes complexos, solos bem feitos, e harmonias inteligentes são inferiores a “rebeldia” e a beleza. Infelizmente, para que uma banda de rock faça sucesso, drogas, músculos e irresponsabilidade pesam mais do que qualidade musical.
Ok, grande maioria das pessoas já deve saber ou pelo menos suspeitar disso. O que eu venho revelar é que a superficialidade do rock existe desde sua origem e não é algo exclusivo das bandas atuais. De Elvis a Coldplay, a música é secundária, e não principal.
Nos anos 50 o branco e “sensual” Elvis Presley explodia no cenário musical. Embora não compusesse e tocasse limitadamente, seus discos venderam igual sorvete na praia. Ninguém nega seu talento, ele inclusive, cantava muito bem, mas por ter sex appeal, até hoje é recordista de vendas, com 1 bilhão de discos. Só que a sorte não foi para todos. Little Richard e Chuck Berry eram inegavelmente talentosos, só que por serem negros e feios foram marginalizados e quase esquecidos. Elvis era talentoso e bonito: vendeu muito. Little Richard, Chuck Berry, Chubby Checker, Bo Didley, Buddy Holly e Carl Perkins eram talentosos, feios e venderam pouco.
A futilidade prosseguiu na década seguinte. Embora fossem inovadores e geniais, os Beatles só fizeram sucesso depois que cortaram seus cabelos de maneira ridícula. Ah, alguém já viu o pianista dos Rolling Stones? Ele se chamava Ian Stewart e não aparecia nos shows somente porque não tinha sex appeal: ao passo que Mick Jagger e Keith Richards faziam sucesso e comiam mulheres, ele foi jogado ao ostracismo. Alguém já ouviu Monkees? Eles posavam de charmosos e sedutores e contratavam músicos para gravar os discos, nem sequer tinham o trabalho de tocar. Além disso, alguém sabe o nome do tecladista virtuoso e inovador dos Doors? Não? Nem eu, só lembro do Jim Morrison sem camisa
A prova maior do meu argumento destruidor é que o punk rock é mais lembrado do que o rock progressivo. Jovens loucos e sem talento algum receberam mais mérito histórico do que o rock semi-erudito e sofisticado. Os Ramones faziam hits estúpidos, que até minha sogra consegue executar, e todos lambiam seus pés, mas ninguém conhece Yes, uma das bandas mais geniais da época. Nenhum dos integrantes dos Sex Pistols sabia tocar e eram todos obviamente ridículos. Mesmo assim o baixista Syd Vicious é mais idolatrado que o baixista do Queen, John Deacon, que além de virtuoso e excepcional, é engenheiro eletrônico e autor de vários hits da banda. Mesmo no caso do Queen, a imagem do Freddie Mercury com shorts apertados é mais forte do que a complexidade vocal dele.
Nos anos 80 a coisa desandou de vez. A popularização do sintetizador possibilitou que qualquer pessoa com baixo talento pudesse compor e fazer sucesso. Para ganhar dinheiro, fama e mulheres, nem de instrumento musical precisava mais: bastava criar uma música eletrônica e entrar no ranking da Billboard. Quando vocês forem no sebo reparem: a maioria dos discos é dos anos 80. Sim, ficou muito fácil fazer música. Não precisa ser músico para saber que A-ha, Men at Work e Duran Duran embora divertidos, são musicalmente inferiores a King Crimson, Pink Floyd ou Beatles.
Não vou dedicar muitas linhas aos últimos vinte anos, porque a futilidade é óbvia demais. Com a massificação da televisão (MTV, Multishow, VH1), a imagem tornou-se o principal meio de divulgação do rock. Os clips passaram a ser melhores produzidos do que as músicas e a qualidade tornou-se menos importante ainda. Os caras sequer se dão o trabalho de fazer músicas decentes. Definitivamente, reforçou-se a velha premissa: fazer imagem é mais importante do que fazer rock.
É isso aí babacas! A banda que você idolatra pode fazer um som muito bom, pode ter composições excelentes, músicos virtuosos e harmonias sofisticadas. Mas se os integrantes não fossem "bonitos" e rebeldes jamais você os conheceria, e é por isso que sucesso independe da qualidade.
Dispensados!
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